24 de out. de 2011

Diretas Já !!

A USP e a SEP

Por Mauro Bertotti

Professor Titular do Instituto de Química da USP
outubro 2011

O que existe em comum entre as eleições para Reitor na Universidade de São Paulo (USP) e para Presidente na Sociedade Esportiva Palmeiras (SEP)?

O número de votantes. Em ambos os casos, um colégio eleitoral composto por algumas centenas de pessoas decide o destino das instituições por certo período de tempo. No caso da USP o processo tem lógica, pois a maioria dos votantes são professores experientes e que chegaram a posições destacadas na hierarquia universitária em decorrência de mérito acadêmico/científico e competência administrativa. A gestão de um sistema tão complexo quanto a universidade justifica o fato de que aqueles que já demonstraram ter domínio sobre essa complexidade sejam ouvidos com maior peso na escolha dos rumos da instituição. O número pode ser pequeno e, particularmente, acho que ele pode ser incrementado e, eventualmente, ponderado com base na densidade acadêmica das unidades que compõem a universidade. Mas isso é outra história...

Situação exatamente oposta ocorre nas eleições para a direção da SEP. Um conjunto de conselheiros cuja qualificação não é aferida, muitos deles (os vitalícios) eleitos por indicação de presidentes anteriores, toma decisões pautadas em favores e mordomias e defende causas retrógradas e que em nada contribuem para a grandeza do clube. Profissionalismo é um conceito que não tem respaldo na SEP e ele arrepia os que governam o clube. Houve um hiato na década de 1990, quando uma parceria extremamente bem sucedida levou o clube às suas últimas glórias. Depois disso, a sofrida, mas sempre esperançosa torcida, recebeu golpes cada vez mais duros, culminando com o rebaixamento em 2002. Somente um choque de gestão pode renovar o clube e colocá-lo em seu lugar de protagonista, e não de mero coadjuvante.

É nesse instante que a comparação com a eleição na USP deve ser retomada. Um presidente eleito por um colégio eleitoral relativamente pequeno e com interesses nem sempre dignos de louvor está condenado a fazer concessões para honrar compromissos eleitorais e manter a paz política no clube. Nesses termos, o custo da governabilidade é alto e priva o dirigente de pensar em projetos modernos, ousados, transparentes e orientados para o futuro. Se na universidade é importante que o destino da instituição rumo à excelência seja definido por grupo reduzido de pessoas com liderança já comprovada, para sustentar a autoridade acadêmica e científica, num clube de futebol isso pode ser a razão de sua falência por um simples motivo: os conselheiros não são necessariamente escolhidos por mérito e muitas vezes, por razões políticas, defendem causas que não visam ao bem maior.

Redução de gastos, técnicos de ponta, jogadores caros e presidentes com pensamentos diagonalmente opostos não resultaram em conquistas. O problema é estrutural, a SEP está doente, com câncer, e o tumor está se avolumando. Nesse contexto, para recolocar a SEP no caminho das vitórias não resta alternativa: eleições com base em um colégio eleitoral ampliado, de forma que os acordos sejam menos representativos e os eleitos possam governar de maneira independente, com gestão profissional, visando à vanguarda.

É evidente que há na SEP muitos conselheiros bem intencionados, mas eles estão assustados e têm receio de arriscar e de pensar em inovações. Eles não acreditam que os mais jovens podem liderar reformas necessárias, responsáveis e inteligentes, com base na crítica serena ao já existente e usando a criatividade como geradora de ideias. Esses conselheiros mais esclarecidos precisam juntar forças, minimizar hostilidades e encaminhar o clube para um novo patamar, de maneira madura, mas ousada. Coloco em tela para esses palmeirenses mais um contraste para reflexão: a sauna e a Nova Arena. A sauna, defendida recentemente por alguns conselheiros, representa um ambiente fechado, sem ventilação, cheirando a mofo, particularmente apropriado para conversas irrelevantes, pouco criativas e obscuras. Os que defendem a sauna pensam em uma SEP pequena, esquálida e sem forças, características de um clube monótono e previsível. Já a Nova Arena é o símbolo da evolução, da modernidade, da transparência. É um novo espaço para um clube arejado, que ruma para desafios e conquistas. Esse é o espírito dos italianos que chegaram ao Brasil no século XIX e foi assim que o clube foi fundado em 1914: pensando em ser grande. Conselheiros, não decepcionem aqueles desbravadores que cruzaram o Atlântico com tanta esperança. Pensem em seus filhos e netos e tenham a coragem de ousar, de buscar novas estratégias para recolocar a SEP no lugar de onde ela não deveria ter saído.

A USP aspira à condição de universidade de classe mundial. O Brasil precisa de universidades com tais características, que possam dialogar com suas congêneres e atrair a atenção da comunidade científica internacional. Somente assim a nação poderá desenvolver ciência e tecnologia de qualidade, equipar seus quadros com material humano altamente qualificado e participar criticamente das discussões importantes que ocorrem no país e no mundo. Os torcedores da SEP nutrem esperança equivalente: que o clube seja respeitado e sirva de referência por causa de sua trajetória vitoriosa.

Finalizo esse artigo com extrato que justifica o título de livro do poeta americano Ogden Nash (“You can´t get there from here”): “An old-timer sitting by the roadside was asked by some tourists how to get to somewhere. His reply was, “You can´t get there from here”. He knew that the road ahead was a dead end and that the travelers had to return around and take a new direction.”

12 de out. de 2011

O fim


O Palmeiras está morto. Em três anos de blog posso dizer que testemunhei o clube definhar de uma forma desesperadora. Impotente, vi diretores, conselheiros e torcida organizada transformar o Palmeiras no clube mais vergonhoso do Brasil. Hoje esse Palmeiras não tem alma ... não tem identidade. É um clube morto porque não tem mais sangue na boca.

Hoje o palmeirense é um pobre viciado em crack, jogado na sarjeta, mendigando por uma pedra. O nojo que sinto desse clube vai desde a política até os vagabundos que entram em campo. Não faz mais sentido lutar por algo podre e sujo assim.

Ao vagabundo que apanhou sem ficar com nenhuma escoriação meus pêsames. Ao vagabundo que liderou um motim com outras intenções meu ódio eterno.

O que fica é a utopia de eleições diretas. É estar dia 24/10 na frente da academia feito zumbi enquanto os velhacos riem da cara do coitado do torcedor. O que fica é a esperança de pessoas como Marcos e Felipão, que realmente gostam do Palmeiras, se recusarem a jogar até que as eleições diretas sejam aprovadas. Sem comitê gestor, sem filtro, sem interferência de quase 300 vagabundos. Sem grupelhos !!! O que fica é um fio de esperança... ou nenhuma.

Talvez a única solução seja largarmos esse Palmeiras !!! Seja fundar um novo.. fundar a verdadeira Sociedade Esportiva Palmeiras.

A mim hoje pouco importa se ganharmos ou perdemos de goleada do Flamengo. Ganhando, o que aconteceu com o tal João Vitor vai servir como justificativa por uma torcida podre, onde o fim justifica os meios. Se perdermos os corvos revestidos de diretores, conselheiros e grupelhos se inflarão ainda mais com intuíto de continuarem roubando um pouco mais do que sobrou do clube e de nossa história.

A segunda divisão é o paraíso comparado ao que estamos vivendo...

Márcio Braga