11 de jan. de 2010

Há 50 Anos




O time que parou o Santos de Pelé



O Santos era campeão paulista de 1955/56 e 58, e começava a se revelar com um dos maiores times da história do futebol. Uma máquina que não se importava em tomar gols, pois sabia que era capaz de marcar muitos mais. O Palmeiras tinha sido campeão paulista em 1950 e disputara um campeonato com a regularidade de quem não está com tudo, mas está com muita vontade. Uma defesa muito segura que dava a tranqüilidade para o ataque marcar os gols necessários para a vitória do clube. Para o Santos era a repetição de um ato que já estava virando rotina. Para o Palmeiras, a oportunidade, rara nos últimos anos, para sair da fila de espera que estava incomodando.


Quando terminou o campeonato, no dia 30 de dezembro de 1959, os paulistanos ainda não conhecia o campeão paulista. Santos e Palmeiras, depois de trinta e oito rodadas, terminaram empatados na liderança com sessentas e três pontos ganhos. A Federação Paulista de Futebol decidiu por uma melhor de três para se conhecer o campeão da temporada. Se dependesse apenas de cartaz, o Santos teria sido campeão sem nenhuma disputa extra. Entretanto, pelo que fez durante o campeonato, o Palmeiras justificava suas pretensões em lutar pelo título. Às vésperas da decisão, a situação era de equilíbrio. Os santistas tinham o melhor ataque com 151 gols e o artilheiro do campeonato, Pelé, com 44 gols. Os palmeirenses tinham a melhor defesa sofrendo 32 gols. O Santos tinha prestígio internacional e era alvo da admiração que atribuía a seus ídolos. O Palmeiras tinha uma torcida que gritava desesperadamente por um título que há nove anos vinha lhe sendo negado.


O primeiro jogo foi realizado no dia cinco de janeiro de 1960. O Santos tinha dois problemas: Jair da Rosa Pinto e Pagão, contundidos. O treinador Lula deslocou Urubatão para lugar de Jair, fazendo entrar Feijó na zaga. Para substituir Pagão, entrou um jovem de dezesseis anos de idade chamado Coutinho. O time santista jogou com Laercio. Getulio. Dalmo. Formiga e Feijó. Zito e Urubatão. Dorval. Coutinho. Pelé e Pepe. O Palmeiras não tinha problema e jogou com Valdir. Djalma Santos. Waldemar Carabina. Aldemar e Geraldo Scotto. Zequinha e Chinezinho. Julinho. Romeiro. Américo e Géo. Aos 22 minutos do primeiro tempo Pelé abriu a contagem no Pacaembu. O Palmeiras empatou aos 32 minutos através de Zequinha. O publico que bateu o recorde de renda no campeonato, saiu reclamando de marmelada. O empate decidiu que haveria mais dois jogos, independente do resultado da segunda partida.


No dia oito aconteceu mais um jogo ainda no Pacaembu. No Santos, Jair e Pagão continuavam de fora. No Palmeiras, o técnico Osvaldo Brandão colocou Nardo no lugar do ponteiro Géo. O jogo foi uma repetição melhorada do primeiro. Aos 44 minutos, cobrando um pênalti, Pepe abriu a contagem. No segundo tempo, logo aos 2 minutos, Romeiro empata e aos 3 Chinezinho faz 2x1 para o Palmeiras. Aos 40 minutos, novo penalti contra o Palmeiras e novo gol de Pepe. Fim de jogo e mais um empate que deixava os dois clubes em igualdade de condições para decidir o campeonato na terceira partida.


O Santos fez voltar ao time, Jair da Rosa Pinto e Pagão que tinha se casado e estava em lua de mel na cidade de Poços de Caldas. Ele voltou correndo para jogar a decisão. E logo no inicio da partida, Pagão cabeceia a bola para Pelé que marca o primeiro gol. Eram 12 minutos do primeiro tempo. Logo depois, Pagão era atingido por Aldemar que ficou em campo fazendo numero. Jair também não fazia uma boa partida e o Santos perdia a agressividade no ataque e a harmonia do meio do campo. Enquanto isso, Chinezinho tomava conta do jogo e Aldemar de Pelé. A única coisa que faltava ao Palmeiras era sorte. Romeiro chutou bolas na trave. Aos 42 minutos o futebol de Chinezinho supera a falta de sorte. No meio campo, ele desarma Pelé, e passa rápido a Romeiro, que experimenta o gol da entrada da área. Formiga corta mal e a bola sobra para Julinho que empata o jogo.


No segundo tempo, aos 3 minutos, o juiz Anacleto Pietrobom marca uma falta de Zito em Zequinha perto da área santista. Romeiro ajeitou a bola na meia lua. Cinco jogadores na barreira. Romeiro corre e chuta forte. A bola passa pela barreira e entra no ângulo esquerdo do goleiro Laércio. O Palmeiras dominou o jogo e ainda teve mais duas bolas na trave do Santos. Terminou a partida e o Palmeiras era o campeão paulista de 1959. A torcida comemora nas ruas o titulo que veio nove anos depois.


FICHA TÉCNICA DO JOGO DECISIVO


Palmeiras 2 x 1 Santos


Data: 10/01/1960


Renda: Cr$ 3.076.375,00


Local: Estádio Paulo Machado de Carvalho (Pacaembu), em São Paulo (SP)


Palmeiras: Valdir; Djalma Santos, Valdemar e Geraldo: Zequinha e Aldemar; Julinho, Nardo, Américo, Chinesinho e Romeiro. Técnico: Osvaldo Brandão.


Santos: Laércio; Urubatão, Getúlio e Dalmo; Zito e Formiga; Dorval, Jair Rosa Pinto, Pagão, Pelé e Pepe. Técnico: Lula.


Árbitro: Anacleto Pietrobom


Gols: Pelé, aos 13 minutos, e Julinho aos 41 do primeiro tempo. Romeiro aos 2 minutos da etapa final.

(do Site Palestrinos)

Márcio Braga



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