21 de abr. de 2010

Quando éramos Reis...



Jogo da Minha Vida... Em depoimento ao JT, Edmundo relembra a conquista do Paulista de 1993, sobre o Corinthians.


O segundo jogo da final do Paulista de 1993foi uma conquista especial porque foi a minha afirmação como atleta profissional. Eu vinha de um bom início de carreira no Vasco,mas fui para o Palmeiras sabendo da cobrançaque sofreria por estar em um clube grande que não conquistava títulos havia 16anos. A pressão em cima de nós era enorme, já que havíamos perdido o primeiro jogo (1 a 0) daquela final.

A semana que antecedeu o jogo de volta foi horrível. A torcida hostilizou bastante o nosso time, colocou faixas de cabeça pra baixo e exigiu a vitória.Como sou do Rio e comecei noVasco, não tinha muita noção do quanto era grande a rivalidade com o Corinthians. Meus rivais eram Flamengo, Fluminense...Mas depois da derrota no primeiro jogo eu percebi. E ainda teve oViola imitando porco ao marcar o gol. Todo mundo ficou irritado. Sabíamos que ele sempre fazia alguma comemoração diferente, irreverente, mas, como foi contra nós, usamos aquilo como um ingrediente a mais de motivação.

O Vanderlei (Luxemburgo) foi muito feliz na preleção.Sabíamos que tínhamos um bom time e que treinamos demais na semana,mas a situação era complicada. No quadrangular (fase semifinal), fizemos alguns jogos maravilhosos, como contra o Rio Branco (vitória por 6 a 1) e a Ferroviária (4 a 1). O Vanderlei nos mostrou cenas desses jogos e disse: “Vejam essas cenas. Vocês são capazes de repetir isso. É só entrar lá e fazer o que sabem.” O que me chamou a atenção foi que geralmente ele falava um monte de coisas, mas nesse jogo não quis falar muito. Só disse que tecnicamente e taticamente estávamos prontos.Ele acreditava mesmo em nós.


Não era novidade que tínhamos um elenco que brigava muito entre si e que era cheio de discórdias, mas o grupo também era consciente do que queria e sabia que precisávamos nos ajudar em campo. Éramos um
time de alto nível, então ficava mais fácil jogar, mesmo com esse clima. Para falar a verdade, durante o jogo nem senti tanta pressão. Só antes mesmo. Jogar futebol era um lazer para mim, e não uma profissão.


Eu via o jogo como outro qualquer. Era muito novo (22 anos) e sabia da importância de ganhar um título e acabar com o jejum de um clube do tamanho do Palmeiras, mas no duelo em si eu não me senti pressionado. Eu só queria me divertir.


Nós entramos na partida tão decididos a ser campeões que nem deu para o Corinthians esboçar qualquer reação. A bola era nossa. Além da expectativa que existia em cima do fim do jejum, a conquista era a chance de afirmação para os mais novos, como eu, Roberto Carlos, Tonhão, JeanCarlo e Maurílio. Deixamos de ser promessas para nos tornarmos realidade.


E melhor: entramos para a história de um dos maiores  clubes do Brasil. É gratificante saber que a torcida gosta tanto de mim.

Márcio Braga

Um comentário:

  1. Esse cara é o meu maior idolo no Palmeiras!!! (depois do MArcos, é claro!)

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